Homilia do Pe. Wilkie Bandeira, da Paróquia Maria de Nazaré Samambaia- Dia 10 de maio, terceiro dia da Semana de Pentecostes – 2016
“Irmãos e irmãs, a liturgia de hoje vai nos narrar aqui na primeira leitura, como que uma despedida do apóstolo Paulo, um homem que é um testemunho para nós, um homem que se deixa conduzir pelo Espírito. No episódio de ontem, vimos que ele estava em Éfeso e perguntava para aquele povo: ‘Vocês conhecem ou receberam o Espírito Santo?’ E eles disseram: ‘Não, nunca nem ouvimos dizer que existe o Espírito Santo’. Ontem lá na Casa Santa Marta, o Papa nos convidava a sermos homens e mulheres que se deixem conduzir pelo Espírito Santo. É muito bonito ver toda essa movimentação quando vai chegando perto Pentecostes não é mesmo? A gente faz uma novena de Pentecostes, toda uma preparação. A gente dá mais importância ao Espírito Santo, se deixa e pede ao Espírito Santo para nos conduzir não é? Mas se formos levar em conta a missão do Espírito Santo, é convencer o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo. Se formos levar em conta aquilo que Jesus falou que, quando vier o Espírito da verdade, Ele nos conduzirá a verdade plena e nos revelará as coisas que estão por vir.
Jesus dizia naquela época para os discípulos: ‘Muitas coisas ainda tenho a vos dizer e vós não sois capazes de compreender. Mas quando vier o Paráclito, Ele vos ensinará’. Então, precisamos entender de uma vez por todas que precisamos pedir ao Espírito Santo em toda e qualquer circunstância. Em todo e qualquer momento de nossa vida, devemos pedir ao Espírito Santo e pedir com insistência, porque é Ele que vai nos convencer da verdade, vai nos relembrar os ensinamentos de Cristo e nos revelará as novas coisas que estão por acontecer.
Vivemos um período em que estamos sobre a condução do Espírito Santo, mas muitos de nós recebemos o Espírito Santo no Batismo, na Crisma, os diáconos na Ordenação Diaconal, os padres também e depois, na Ordenação Sacerdotal. O Espírito Santo continua um eterno desconhecido no meio de nós, até para àqueles que dizem que se deixam conduzir pelo Espírito. Eu diria aí que mais ou menos uns 2% se deixam conduzir pelo Espírito Santo.
Será que a gente mergulha mesmo nas profundezas do Espírito? A gente canta isso com tanta convicção, mas quando chega na hora de mergulhar nas profundezas do Espírito, de se entregar ao Espírito Santo de Deus, na hora de deixar que Ele nos conduza, a gente estabelece limites ‘Senhor, até aqui o Senhor pode ir, mas não passa daqui não. Senhor, até aqui o Senhor pode fazer, mas não passa daí não’.
O Papa ontem falava que não podemos fazer do Espírito Santo um prisioneiro de luxo. Muitas vezes a gente tem o Espírito Santo, mas quando Ele quer nos falar algo agimos assim: ‘Nossa! Silêncio! Deixa que sei o que vou fazer’. Quando Ele quer nos conduzir ou nos convencer de que o que vamos fazer não está tão certo, mas mesmo assim fazemos. Vocês já perguntaram por qual motivo tantas pessoas estão frustradas e sofrendo no mundo? Será que se elas estivessem mergulhando nas profundezas do Espírito de Deus e tivessem seguindo suas moções, suas inspirações não é, elas estariam passando pelas dificuldades, problemas ou enfermidades que às vezes estão passando?
Precisamos questionar e refletir como anda nossa relação com o Espírito Santo. Quando nos preparamos para Pentecostes, fazemos novenas, invocamos o Espírito Santo, as bênçãos das velas pra alcançar as graças que desejamos nossa relação com o Espírito Santo deve ser estreitada cada vez mais. Temos que ter a coragem de mergulhar de cabeça como muitas vezes, mergulhamos em experiências que o espírito do mundo nos oferece, que nos faz sofrer, que nos escraviza e que nos afasta de Deus.
Precisamos pedir ao Espírito Santo que venha sobre nós todos os dias. Ao acordar, assim que abrir os olhos dizer: ‘Vinde Espírito Santo, te entrego esse dia’. Outro dia recebi até uma mensagem no WhatsApp, dizendo assim: ‘O que vamos fazer hoje Espírito Santo?’ Achei muito profundo. Eu falei assim: ‘Poxa! Todo mundo deveria fazer essa pergunta né?’ Todo mundo já levanta com seu dia planejado, com seus projetos prontos, com tudo que vai fazer. E se o Espírito Santo mostrar algo diferente? ‘Hoje não quero que faça nada daquilo que você planejou’. Ah, mas eu não posso!
Precisamos não tornar esse Espírito Santo prisioneiro de luxo.
O Papa vai dizer que precisamos em nossas vidas e em nossos corações, ter o Espírito Santo, mas deixar que Ele nos impulsione, movimente. Deixar que Ele faça tudo, porque Ele sabe tudo, sabe nos lembrar o que Jesus nos disse, sabe nos explicar as coisas de Jesus. Somente uma coisa o Espírito Santo não pode nos fazer, é nos fazer cristãos de salão, isso Ele não sabe fazer, Ele também não sabe nos fazer cristãos virtuais. Ele vai fazer de cada um de nós cristãos reais. A maior fábrica de cristãos de fato é a sua origem e está na pessoa do Espírito Santo. Os santos só se tornaram santos pela ação do Espírito Santo. E nós não podemos deixar o Espírito Santo encerrado dentro do nosso coração, como num templo, e não dar nenhuma atenção, não deixar que Ele cumpra a missão na vida de cada um de nós.
É Ele que nos revela o Pai, o Jesus, nos santifica, nos purifica, nos cura, nos liberta e nos move rumo à santidade. Ele é essencial para nós! Precisamos pedir o Espírito Santo todos os dias, em todos os momentos e toda e qualquer circunstância. O Papa vai dizer que nesta semana de preparação para a Festa de Pentecostes, devemos pensar realmente se ‘Eu acredito no Espírito Santo de fato? Acredito na missão que Deus O incumbiu de realizar em minha vida, ou se pra mim, o Espírito Santo se resume apenas em uma palavra? Como tem sido meu relacionamento com o Espírito Santo?’
Vamos ver nesta primeira leitura que Paulo vai dizer: ‘Agora eu estou prisioneiro do Espírito e vou para Jerusalém sem saber o que aí me acontecerá, sei apenas que de cidade em cidade o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações, mas de modo nenhum considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo minha carreira’. Mas aqui está claro que Paulo se deixava conduzir pelo Espírito Santo e conosco não pode ser diferente. Vocês veem até que ponto Paulo foi conduzido pelo Espírito, ele que foi um ferrenho perseguidor dos cristãos e após a sua conversão, foi movido pelo Espírito Santo. Paulo percorreu 52 mil quilômetros para poder anunciar a boa nova. Tem muita gente na igreja que diz: ‘Não, eu sou conduzido pelo Espírito Santo, sou renovado!’ e o primeiro probleminha que tem, pula fora. Precisa muito de perseverança. A palavra de Deus vai dizer claramente para nós que é necessário à perseverança para fazermos a vontade do Senhor e alcançarmos os bens prometidos.”