Apesar de poucas passagens do novo testamento falarem de São José, pai adotivo de Jesus, podemos perceber, a partir destas passagens, as muitas virtudes que este homem possuía, como por exemplo, ser uma pessoa que tinha muita intimidade com Deus. O capítulo 1 do Evangelho de São Mateus, especificamente nos versículos 19 e 20, relata que ele, ao saber que Maria estava grávida “....não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.”
A partir desta passagem, podemos inferir esta intimidade com Deus, pois sonhos temos quase todas as noites, mas para alguém acreditar, crer num sonho que teve, com certeza, é porque já teve outras várias experiências em que Deus lhe dava sinais, avisos ou mensagens durante os mesmos. Logo, podemos concluir que Deus conversava com José por sonhos constantemente. Além disso, como israelita, José também conhecia as promessas de Deus sobre o Messias e isto o ajudou: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: ‘Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco’ ”. (Mt 1, 21-23)
Estas palavras do anjo ajudam José ratificar na sua mente a veracidade do sonho, entender que isto é mais uma mensagem de Deus para ele, pois a promessa já lhe era conhecida; o que ele ainda não sabia era que Deus o tinha escolhido para ser parte integrante do cumprimento desta promessa. José, ao acordar, começa a tomar consciência, naquele momento, do tamanho da missão que Deus lhe tinha reservado e utiliza outra virtude que é a da obediência, como diz a palavra: “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus”. (Mt 1, 24-25)
A partir deste momento, José o carpinteiro, descendente do rei Davi, passa a ser também o pai do Rei Jesus, do Messias, mas esta nova responsabilidade vem acompanhada da exigência de renúncia total aos seus projetos; ele teve que deixar seus sonhos pessoais de ter uma família natural, para se lançar no projeto sobrenatural de Deus. Assim, adentrou nos sonhos que Deus tinha reservado para sua vida e para toda a humanidade. Teve que deixar tudo para trás (o local onde morava, os amigos, os clientes do serviço que prestava), se lançar na fé indo para uma terra distante e se tornar o “Guardião da Sagrada Família”, conforme se fala em Mateus 2, versículos 13 e 14: “.... um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.” Com isso, começou uma nova vida, longe dos seus sonhos, mas junto de Deus. Por muito tempo teve que ficar distante de sua terra natal pelo bem do menino Jesus. Abriu mão de qualquer possibilidade de segurança humana para se apegar ao Único e Verdadeiro Porto Seguro (Deus), confiou, seguiu adiante e a providência divina o acompanhou.
José passou a não ser mais dono de suas vontades, mas se colocou à disposição da vontade de Deus. A passagem a seguir mostra isso: “Com a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egito, e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino. José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel. Ao ouvir, porém, que Arquelau reinava na Judéia, em lugar de seu pai Herodes, não ousou ir para lá. Avisado divinamente em sonhos, retirou-se para a província da Galileia e veio habitar na cidade de Nazaré, para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno”. (Mt 2, 19-23) Percebemos que ele seguia as orientações que Deus lhe dava por sonho, deixando-se conduzir pelo projeto do Pai e não medindo esforços para colocá-lo em prática, mesmo diante de tantas dificuldades. Permaneceu firme, teve fé e a certeza de que precisava seguir em frente e cumprir a missão que Deus lhe confiou.
Ah! Como nós temos muito a aprender com São José para, verdadeiramente, nos abrirmos ao projeto que Deus tem para nossas vidas! Precisamos, como ele, ser íntimos de Deus. Mas como seremos íntimos de Deus se, muitas vezes, não disponibilizamos quase tempo nenhum para estarmos com o Senhor? Muitas vezes não damos a Deus 1% do nosso tempo diário. Um dia tem 1440 minutos, porém, muitos de nós, não tiramos 15 minutos do seu dia para estar, rezar, conversar com Deus.
A obediência ao Senhor é outra grande virtude de São José. Ela é consequência de conhecermos a Deus, de sabermos qual é a Sua vontade e de termos a certeza de que esta vontade é o melhor para nós; basta obedecermos e seguirmos suas orientações para que experimentemos a verdadeira paz. O grande problema é que obedecer passa, na maioria das vezes, pela renúncia de nossas vontades. E foi assim com São José: suas vontades ficaram para trás e a de Deus foi a que prevaleceu em sua vida. Contudo, estamos num mundo em que a desobediência, a rebeldia e a revolta querem tomar conta de nossos corações. É preciso obedecer ao chamado de Deus para as nossas vidas, isto é o que vai nos tonar realizados.
Precisamos, como São José, confiar em Deus, na sua providência, seguir em frente cumprindo a missão, mesmo diante de tantas adversidades, obstáculos, em meio a tantas perseguições aos planos de Deus para nossa vida. Não podemos deixar “os Herodes” deste mundo matarem os sonhos que Deus tem não só para nós, mas também para toda a humanidade. São José não poupou esforços, foi para bem distante de onde estava o perigo, manteve-se firme para defender o menino Jesus e Maria e se tornar o “Guardião da Sagrada Família”.
Precisamos nos espelhar em São José e nos tornar guardiões das nossas famílias, pois o inimigo tem tentado, de todas as maneiras, destruí-las, seja por separação, desunião, falta de compreensão, falta de paciência, egoísmo, etc. Precisamos entender como ele, que as dificuldades permitidas por Deus nas nossas vidas, não são para que haja separação, mas superação com a união.
Precisamos, como ele, nos distanciar do mal, confiando no “Bem Maior”, no nosso “Único Porto Seguro”, acordando e, tomando consciência do tamanho da nossa missão, renunciar às nossas vontades, para que a obra de Deus seja completa nas nossas vidas. Deixemos para trás o que nos distancia de Deus.
Glorioso Patriarca São José, rogai por nós!
Gedeon Rocha
Membro de aliança da Comunidade Renascidos em Pentecostes