Desde o princípio o “pó” e as “cinzas” são citados nos textos bíblicos como forma de comparação à pequenez humana. Todas as vezes que estas expressões são usadas no contexto de alguma passagem, têm a função de mostrar que os homens precisam se reconhecer como insignificantes diante da majestade de Deus e devem se cobrir de cinzas para demonstrar sua humilde condição.
Consultando as Sagradas Escrituras
- No livro do Gênesis 3,19 lemos: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó e pó te hás de tornar”. Foi isto, dentre outras coisas, o que Deus disse a Adão e Eva quando os expulsou do paraíso.
- Ainda no livro do Gênesis 18,27: “Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora seja eu pó e cinza”. Foi assim que Abraão se dirigiu a Deus quando intercedia em favor de Sodoma; ele reconhecia sua irrelevância diante do criador.
- no livro de Judite 4,16: “Mesmo aqueles que ofereciam holocaustos ao Senhor, faziam-no revestidos e sacos e com a cabeça coberta de cinzas”. Isso acontecia nos instantes de preparação do povo judeu para enfrentar o exército de Holofernes que pretendia destruir Israel.
- No livro de Jó 42,6: “É por isso que me retrato e me arrependo, no pó e na cinza”. Sendo esta, referência à segunda resposta que Jó dá ao Senhor.
- No livro dos Salmos 103,29: “Se desviai o rosto, eles se perturbam; se lhes retirais o sopro, expiram e voltam ao pó donde saíram”. Este é o Hino ao Criador.
- Por último, no Evangelho segundo Mateus 11,21: “Ai de ti Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas teriam se arrependido sob o cilicio e a cinza”. Sendo estas as censuras que Jesus faz às cidades impenitentes.
Ora, estamos iniciando o período quaresmal. Período este que se notabiliza pela ausência de ornamentos no Presbitério e quando as músicas que serão entoadas devem levar à meditação do quanto Jesus sofrerá desde a quinta-feira – logo após o término da instituição da Eucaristia até sua crucifixão.
João Batista
Evidenciamos o trabalho árduo de João Batista, que pregava arrependimento e batismo - este com água – em preparação para vinda do Messias. João Batista fica conhecido como “a voz que clama no deserto”. O deserto a que se refere o evangelista Lucas no capítulo 3,3-18, não é apenas o da Judéia, mas também o desconhecimento do verdadeiro sagrado, o despreparo e a pluralidade de deuses e crenças obscuras. Naquele tempo grassava entre os povos, terríveis guerras de conquistas e supressão de costumes religiosos contrários à idolatria costumeira nas cidades-estados e tribos de então; Israel amava e adorava a Iahweh como o Deus único, criador de todas as coisas.
Era preciso, portanto, que se estabelecesse a verdade entre os povos; que reconhecessem seus pecados e faltas, praticando uma mortificação. E muitos dos crentes, esperançosos e penitentes, se vestiam com sacos e cobriam a cabeça com cinza em demonstração de arrependimento e desejo de reconciliação (para isso Deus envia seu filho amado que, como cordeiro, será imolado em expiação pelos pecados da humanidade, suprimindo as oferendas em holocaustos e outras mais).
Para encerrar, espero que as citações bíblicas destacada neste humilde trabalho, encontrem eco em seus corações, desperte o sincero desejo de reconciliação com Deus e sirvam de reflexão neste longo tempo quaresmal.
Do irmão em Cristo Jesus,
Zezo Silva.
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