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Renascidos em Pentecostes

Cardeal Bo: Mianmar de volta ao pesadelo da ditadura militar e da violência


Com ao menos 138 manifestantes (segundo a Onu) já mortos na repressão aos protestos em busca do restabelecimento do governo civil em Mianmar, o arcebispo de Yangun pede aos soldados que deponham suas armas e ponham um fim à ditadura brutal, pede que se afastem do poder e façam o que um exército deve fazer; defender ao invés de atacar as pessoas. O cardeal se solidariza com aqueles que lutam corajosamente por uma verdadeira democracia em Mianmar, que em 1º de fevereiro sofreu um novo golpe militar.


Vatican News Um novo capítulo de escuridão, um retorno às balas, ao derramamento de sangue e à repressão militar: é o panorama descrito pelo arcebispo de Yangun, em Mianmar, no sudeste asiático, o cardeal Charles Maung Bo. Mais uma vez, o purpurado birmanês pede diálogo e respeito pelos resultados das eleições, quando pelo menos 138 pessoas (segundo a Onu) já foram vítimas da repressão militar nos protestos que, desde o golpe militar de 1º de fevereiro, milhares de pessoas têm protagonizado nas ruas de Mianmar para recuperar as poucas liberdades democráticas que haviam sido conquistadas sob o governo civil da líder e Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

A coragem e o compromisso do povo birmanês

"Mianmar hoje se encontra em outro capítulo de escuridão, derramamento de sangue e repressão", diz o cardeal Bo, lamentando que "após uma década de reforma e abertura" que, apesar dos "desafios e tempestades", fazia vislumbrar "um novo amanhecer de democracia, liberdade, paz e justiça", hoje o país "regrediu por mais de uma década, voltou ao pesadelo da repressão militar, da brutalidade, da violência e da ditadura". Surpreso com a coragem e o compromisso do povo birmanês determinado a defender "a democracia e as liberdades duramente conquistadas", o purpurado birmanês condena que tal demonstração de "sentido de unidade e solidariedade na diversidade" de etnias e religiões tenha tido como resposta "balas, espancamentos, derramamento de sangue e dor", de tantos birmaneses "assassinados ou feridos em nossas ruas" e tantos milhares presos e desaparecidos.

Igreja, instrumento de justiça, paz e reconciliação

Um destino que alcançou até mesmo os Estados étnicos, onde apesar dos acordos de cessar-fogo, "o exército está mais uma vez atacando civis, deslocando milhares e exasperando uma crise humanitária que já existia, mas que agora é ainda mais grave". "Agora nesta escuridão, nestes tempos sombrios, ouvimos a voz do Senhor chamando a Igreja a ser, uma vez mais, uma testemunha, a ser um instrumento de justiça, paz e reconciliação", afirma o cardeal também presidente do episcopado de Mianmar, que apoiado nas leituras da liturgia da segunda-feira (15/03), chama a se agarrar à mensagem de paz e esperança e a rezar para que "um novo Mianmar nasça desta tragédia atual", onde o direito às "liberdades básicas" seja garantido, onde "a diversidade étnica e religiosa" seja celebrada e onde "a paz real" possa ser desfrutada.

Militares chamados a respeitar o resultado das eleições E neste contexto, o cardeal-arcebispo de Yangun faz um apelo concreto aos soldados para "depor suas armas, afastar-se do poder e fazer o que um exército deve fazer; defender ao invés de atacar as pessoas". Por fim, o purpurado reitera seu convite a rezar por aqueles que "neste momento estão em perigo, escondidos, deslocados, presos, feridos ou em luto"; pelos líderes do movimento democrático, das nacionalidades étnicas e de todos os líderes religiosos; a rezar para que os militares revertam seu "caminho de conflito, repressão e destruição"; e pelo respeito aos resultados das eleições, nas quais o povo de Mianmar expressou "tão claramente" sua vontade de avançar "por um caminho de verdadeira democracia, acompanhada de diálogo, reconciliação, justiça e paz".

Vatican News – ATD/RL



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