No último domingo, dia 30 de julho de 2017, o Papa Francisco dirigiu-se a milhares de fiéis, presentes na Praça de São Pedro, antes da oração mariana do Ângelus, pronunciando-se, com base no capítulo 13 do Evangelho de São Mateus. Em especial, três aspectos foram valorizados: o tesouro escondido, a pérola preciosa e a rede de pesca.
"Vou me debruçar nas duas primeiras, que sublinham a decisão dos protagonistas de venderem tudo para conseguir aquilo que descobriram. No primeiro caso, é um agricultor que acidentalmente se depara com um tesouro escondido no campo onde estava a trabalhar e, visto que o campo não era de sua propriedade, decide arriscar todos os seus bens para comprar o campo e não perder aquela ocasião, realmente, excepcional; e no segundo caso, é um negociante de pérolas preciosas que, como bom conhecedor, identifica uma pérola de grande valor e, ele também, decide apostar tudo sobre aquela pérola, chegando a vender todas as outras.
Estas semelhanças destacam duas características relacionadas com a posse do Reino de Deus: a procura e o sacrifício, pois o Reino de Deus é, sim, oferecido a todos, mas não é disponibilizado num prato de prata, é preciso procurar, caminhar, empenhar-se.
A atitude da procura é a condição essencial para encontrar; é necessário que o coração se abra com o desejo de alcançar o bem precioso, ou seja, o Reino de Deus, que se faz presente na pessoa de Jesus. É Ele o tesouro escondido, é Ele a pérola de grande valor. Ele é a descoberta fundamental, que pode dar um impacto decisivo à nossa vida, enchendo-a de significado.
Perante a descoberta inesperada, tanto o agricultor como o negociante, percebem que têm, diante de si, uma oportunidade única a não perder e, portanto, eles vendem tudo o que possuem. A avaliação do valor inestimável do tesouro, leva os dois a uma decisão que, também, envolve sacrifício, desprendimentos e renúncias. Quando o tesouro e a pérola foram descobertos, isto é, quando encontramos o Senhor, não se deve deixar estéril esta descoberta, mas sacrificar por ela qualquer outra coisa.
Não se trata de desprezar o resto, mas de subordiná-lo a Jesus, colocando, a Ele, em primeiro lugar. O discípulo de Cristo não é alguém que se privou de algo essencial; é alguém que encontrou muito mais: encontrou a alegria plena que só o Senhor pode dar. É a alegria evangélica dos doentes curados; dos pecadores perdoados; do ladrão a quem se abre a porta do paraíso.
Trata-se, pois, da alegria do Evangelho, que enche o coração e toda a vida daqueles que se encontram com Jesus, pois, na verdade, os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento.
Hoje, somos convidados a contemplar a alegria do agricultor e do negociante das parábolas, é a alegria de cada um de nós quando descobrimos a proximidade e a presença consoladora de Jesus na nossa vida, uma presença que transforma o coração e nos abre às necessidades e ao acolhimento dos irmãos, especialmente, os mais fracos".
Complementando o discurso, após o Angelus, Francisco recordou o "Dia Mundial de Luta contra o Tráfico de Seres Humanos":
“Hoje, celebra-se o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, promovido pelas Nações Unidas. Todos os anos, milhares de homens, mulheres e crianças são vítimas inocentes da exploração laboral e sexual e do tráfico de órgãos. E, parece, que estamos de tal maneira habituados a ele que o consideramos uma coisa normal. Isto é feio, é cruel, é criminoso. Quero recordar o empenho de todos para que este flagelo aberrante, uma forma de escravidão moderna, seja adequadamente combatida. Rezemos, juntos, à Virgem Maria, para que sustente as vítimas do tráfico de pessoas e converta os corações dos traficantes”.
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