Testemunho
Por Ivonney M. Lucena
Em fevereiro de 2014, nosso filho Luan Matheus, que estava com 16 anos, queixou-se de dor abaixo do joelho; minha esposa o levou ao médico, onde foram feitos exames de imagem e constatou-se uma tendinite. Assim, imobilizaram sua perna e foram receitadas algumas medicações para tal tendinite. Após uma semana, ele continuou a reclamar da dor.
O Levamos novamente ao hospital e outro médico solicitou exames detalhados, pois aquela dor não condizia com tendinite. Esse exame confirmou um tumor na cabeça da fíbula - tumor esse muito agressivo que em uma semana o levou à cadeira de rodas e ao uso de morfina de 3 em 3 horas para aliviar a dor que era muito forte. Então começou a nossa luta para saber que tumor era esse. Fomos a vários profissionais e estes, sempre pedindo exames mais detalhados para descobrir que células eram aquelas. O primeiro diagnóstico foi um osteossarcoma, que seria uma amputação acima do joelho, porém não aceitamos aquelas palavras do médico. Depois veio outro diagnóstico que seria sarcoma de Edwing, retirada da fíbula. Não aceitamos este parecer médico também.
Continuamos pedindo e falando com Deus. Logo foi encaminhado ao Hospital Sara. Por onde passávamos, as portas estavam sempre abertas e tinham um imenso carinho por nós. Nosso filho ficou internado no Hospital Sara durante uma semana, onde fizeram vários exames; colocou cateter e fez biópsia. Quando confirmou que as células desse tumor seriam leucêmicas, também as repreendemos. Por ser leucêmico, fomos encaminhados ao HCB (Hospital da Criança de Brasília), onde os milagres foram acontecendo.
O tumor crescia a cada dia. Então a equipe médica decidiu pela internação e assim começamos o primeiro ciclo de quimioterapia, que seriam 4 ciclos - o nosso sofrimento era enorme. Em apenas um mês, nosso skatista foi parar no leito de um hospital para tomar quimioterapia, mas em momento algum deixamos de clamar o Santo nome do Senhor. Foi quando no quarto que estávamos; uma mãezinha que ali estava com seu filho perguntou-me se poderia me dar um recado. Logo respondi que sim. Então, ela disse-me que naquela noite Deus havia falado com ela para contar-me que meu filho estava curado, que eu não me preocupasse e que nós seríamos mensageiros da palavra do Senhor. Após 11 dias de quimioterapia intensa, o tumor desapareceu. Luan recebeu alta e fomos para casa. Mas em
seguida surgiram as intercorrências da medicação. Tivemos que correr com ele para o Hospital de Base, onde ficou internado em estado grave por 30 dias. Nesses 30 dias, uma médica veio até mim e disse-me: Pai, ele está com neoplasia pulmonar. Indaguei-lhe respondendo: “Ele não está doutora, não está”.
Ela novamente reiterou que ele estava e para confirmar suas palavras, solicitou um exame mais detalhado. Nesse momento, fiquei muito triste, mas não deixei meu filho perceber, então falei com Deus: Senhor, faremos esse exame para mostrar a ela que somente o Senhor está no controle da vida do meu filho. Paramos em frente à sala de exame, nos sentamos em um banco, quando de repente uma mulher olhando e apontando para meu filho nos disse: O olhar dele é devida, é de vencer, de viver. Deus pediu para te falar. Então respondi a ela que recebia suas palavras. Foi quando falei com meu filho. Viu o que ela disse filho?E ele respondeu. Eu vou viver pai. Logo o exame ficou pronto e o laudo dizia que era um bolo de catarro e não um tumor como havia diagnosticado aquela médica. Levamos o exame para mostrar que Deus estava no controle da vida dele.
Não satisfeitos, suspeitaram que ele estivesse com tuberculose e nos isolaram. Passados 30 dias com tantas suspeitas e incertezas médicas, tivemos alta e fomos para casa para nos prepararmos para o segundo ciclo de quimioterapia. Foram cinco dias internado, tendo assim outra intercorrência. Mais 11 dias no Hospital de Base com imunidade baixa, tomando plaquetas/sangue. Tivemos alta e novamente preparando-nos para o terceiro ciclo de quimio, onde não esperávamos tanta agressividade da medicação. Após cinco dias tomando quimio, recebemos alta, mas logo ele passou mal e corremos com ele para o Hospital de Base, onde ficou três dias no oxigênio, não aguentando mais foi para a UTI. Sua respiração era 100% ventilação mecânica, 12mg noradrenalina e infecção generalizada.
Resumindo, nosso filho estava em coma. Nossa dor e sofrimento eram tanto que eu e minha esposa tínhamos um
objetivo: lutar, lutar, pedir a Deus, clamar, gritar, pois somente Ele dava-nos forças para prosseguir. Além disso, temos o Lucas de 4 anos - que na época estava com 2 anos. Luan ficou 8 dias em coma induzido. Cada visita que fazíamos a ele era de muita dor. Mas nunca perdemos a esperança e a fé. Então, em certo momento, eu falei. Senhor, não vou olhar meu filho, vou até às máquinas e eu sei que, cada dia que entrarmos nessa UTI, o Senhor vai me dar uma resposta, não só para meu filho, mas para todos que aqui estão. Então minha esposa me chamou para irmos à Missa de Cura. Eu respondi que não. Mas, no mesmo momento entendi que deveria ir. Quando chegamos, a missa já havia começado, ficamos na porta da igreja e naquele momento o Padre Moacir levantou a mão e disse:
“Na direção da minha mão há um pai e uma mãe que tem um filho com leucemia e Deus está dizendo que ele
está sendo curado”.
Recebemos essas palavras e fomos para casa. No dia seguinte, tínhamos que ir ao hospital visitar nosso filho.
No quarto dia, do coma, dei um beijo no Luan, como era de costume quando chegávamos lá, e fui olhar as máquinas. Foi quando uma voz falou-me baixinho: “Pede para sua esposa ungir o peito dele”. Havia uma enfermeira colocando uma bolsa de sangue nele. Nesse momento, quando minha esposa ungiu o peito dele, em coma e contido, ele levantou-se e caiu novamente. A enfermeira disse que nunca tinha visto aquilo. Os aparelhos ficaram todos alterados. Logo a equipe médica veio normalizar o quadro dele. No sexto dia, a médica muito carinhosa com ele e com a gente, deu-nos uma notícia um tanto ruim.
Falou que tudo corria bem, mas a infecção dele não estava respondendo às medicações - em numeral a infecção no
nosso corpo é de 0,3 no mínimo a 0,5 no máximo, e a do nosso filho era de 387. Os rins estavam parados, ele estava todo inchado. Por volta das 18h, desse dia, resolvi lavar umas louças em casa para tentar esquecer aquelas palavras tão cruéis. Lavando e chorando resolvi conversar com Deus. Então falei: “Senhor, eu creio tanto em ti que a única coisa que peço é que o Senhor me ajude a carregar esse fardo, pois está muito pesado”. Foi quando uma voz baixinha e suave me disse: “Eu vou devolver seu filho”. Pensei que fosse minha esposa. Então fui procurá-la pela casa. Quando cheguei ao quarto, ela estava abraçada ao nosso outro filho (Lucas) chorando.
Chamei-a e lhe falei. Vamos acender as Velas de Pentecostes. No dia seguinte fomos ao hospital. Quando entramos na UTI, a médica veio em nossa direção com um sorriso dizendo que por volta das 18h do dia anterior a função renal do Luan havia voltado. Ele urinou 6 bolsas. Agradeci tanto a Deus, pois foi na mesma hora que Ele havia falado comigo que devolveria meu filho e nós, acendemos as Velas. No oitavo dia, Luan começou a brigar com os aparelhos. Nosso gigante despertava. Foi desentubado e tiveram que fazer uma traqueostomia, pois ele ainda necessitava de oxigênio. Quando os efeitos dos sedativos estavam passando, ele olhou para mim e com gestos disse-me que tinha algo a contar. Então, contou-me que, durante os dias que estava em coma, Deus pegou em sua mão e o levou a um lugar muito lindo, um jardim e disse: “Trouxe você aqui para dizer que não vou tirar você de seu pai, de sua mãe e nem de seu irmãozinho, vamos voltar. Foi quando acordou do coma. Hoje, para honra e glória do Senhor todos os exames estão negativos. Ele não tem leucemia.
No ano de 2014, havíamos comprado as camisetas para irmos à festa de Pentecostes, mas devido às intercorrências que o Luan teve, não foi possível. Depois que tudo se acalmou, prestamos atenção à frase das camisetas que minha esposa havia comprado para Luan que dizia: “Vinde e vede minha vitória”.
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