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Foto do escritorRenascidos em Pentecostes

“Nossa Senhora veio me ajudar a louvar e glorificar o Senhor pela nossa missão”!


Estamos celebrando Santo André, irmão de São Pedro. No Evangelho de Mateus, nós temos, hoje, o primeiro encontro de Jesus com Pedro e André.

Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. Eles haviam trabalhado a noite inteira e não tiveram resultado nenhum. Naquela manhã, eles cuidavam da rede, limpando-a e costurando-a. De repente, aparece Jesus Cristo, a quem eles não conheciam. Mas no primeiro olhar e na primeira conversa, o Senhor lança um chamado a eles dizendo: “‘Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens’. Eles, imediatamente deixaram as redes e o seguiram”. (Mt 4,19-20)

A Palavra que vai aparecer no texto de Mateus é “imediatamente”. Largaram as redes e seguiram Jesus Cristo, não deixando para o dia seguinte.

“Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes”. (Mt 4, 21)

Sempre existem redes furadas, e eles sempre estão costurando e consertando. E o “Segui-me” de Jesus faz com que eles larguem tudo. É a promessa de Jesus Cristo. Nesse dia, eu volto o meu pensamento para a Catedral de Brasília, para o dia 30 de novembro de 1996. Eu chegava lá às 9h, em um dia de muita chuva. Era graça de Deus. Eu chegava com uma túnica em uma das mãos e a casula na outra, vindo de uma longa caminhada de doze anos. No dia 12 de junho de 1983, eu também escutei esse mesmo chamado: “Segui-me”! Ali começava a minha caminhada com Jesus Cristo.

Eu rendo graças ao Senhor porque, do dia 12 de junho até esse dia 30, eu nunca fiquei um dia sem caminhar com Jesus Cristo. Não teve férias ou descanso sem Jesus Cristo.

E, naquele dia 30 de novembro, eu chegava na Catedral de Brasília vindo de uma longa experiência de sofrimento, de 12 anos de rejeição. Quando o Senhor me disse “Eu te quero padre”, nove meses depois, eu largava o hotel em que eu trabalhava e ia para um convento franciscano. Eu tinha sido aceito por engano, porque eles achavam que eu tinha o segundo grau, o Ensino Médio, hoje, mas eu não sabia escrever o meu nome. E lá dentro, foram quatro anos de muito sofrimento. De muita graça, com certeza, mas de muita solidão, incertezas e dificuldades. Tive que aprender as primeiras letras e fazer, do pré até o último ano do segundo grau em quatro anos. E no dia em que eu terminei, fui expulso. Frei Silvestre disse pra mim: “Você pode ir embora, porque você não tem vocação para ser franciscano”. Pobre eu era demais, mais pobre do que Francisco de Assis.

Só que, quando eu cheguei lá, com uma mala de papelão, que todo nordestino tinha uma, com apenas algumas roupas. Quatro anos depois, a mala tinha acabado e as roupas estavam destruídas e eu saí de lá com um saco nas mãos. Não tinha nada e estava mais pobre que os franciscanos, vindo morar com minha irmã que era o retrato da pobreza. Tão complicado!

Mas um mês depois, eu entrei no Seminário Nossa Senhora de Fátima. Lá sim, tudo era belo e maravilhoso. Lago Sul, lugar de intelectuais, com padres canadenses. Quanto sofrimento, rejeição e miséria eu passei ali! Fui mandado para o Vale do Amanhecer, para a zona rural de Sobradinho, sendo expulso, mais uma vez, depois renegado. Ninguém queria que eu fosse padre. O único que queria que eu fosse padre era Jesus Cristo. O inferno não queria que eu fosse padre.

Mas o Senhor escolhe os fracos para confundir os fortes. Ele chama quatro pescadores para iniciar sua obra.

Há dez anos eu resolvi abraçar a cruz, definitivamente, e fundei a Comunidade Renascidos em Pentecostes, hoje, com mais de 300 consagrados. Estamos caminhando com Jesus Cristo, fazendo o reino de Deus acontecer todos os dias.

E quem nunca saiu da minha vida foi Nossa Senhora. Ela me fez amá-la e me fez compreender que, sem ela, essa caminhada não teria sentido. Ela que sempre está fazendo a vontade de Deus. Nessa primeira leitura de hoje, Paulo diz: “Se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação. A Escritura diz: Todo o que nele crer não será confundido (Is 28,16)”. (Rm 10, 9-11)

Nossa Senhora faz tudo pra você acreditar em Jesus Cristo. Ela se multiplica e trabalha, sem cessar, depois que disse: “Eis aqui a serva do Senhor”!

Há 1300 anos, os muçulmanos invadiram Portugal e os monges tiveram que sair correndo, escondendo essa imagem (Nossa Senhora da Abadia) em um vale. Cem anos depois, os monges a encontraram e através dela, a graça tem sido espalhada no mundo inteiro.

Enquanto o mundo cai ao meu redor, Nossa Senhora me diz: “Vamos, porque a vitória é certa no nome do meu filho Jesus Cristo”. Então, quando me disseram que Nossa Senhora da Abadia estaria aqui, eu perguntei o dia. E me falaram que poderia ser no dia 30. Imediatamente, eu entendi que Nossa Senhora da Abadia, que eu não conhecia, iria festejar comigo esses 21 anos de caminhada. Ela veio me ajudar a louvar e glorificar o Senhor pela nossa missão, que é de todos nós.

Padre Moacir Anastácio

Homilia (Santa Missa – 21° aniversário sacerdotal – 30/11/2017)

Transcrição e adaptação: Danielle Santos

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