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Quaresma: Tempo de reflexão e aprofundamento daexperiência com Jesus Cristo.


A Quaresma é o tempo litúrgico que se inicia na quarta-feira de Cinzas e se estende até a quinta-feira Santa, véspera da Sexta-Feira da Paixão. A palavra vem do latim “quadragésima”, em referência ao quadragésimo dia antes da celebração da Páscoa, na Semana Santa. É uma referência também às diversas passagens bíblicas, como os quarenta dias das tentações sofridas por Jesus no deserto, o dilúvio e a permanência de Moisés no Monte Sinai. A quaresma é considerada não somente uma preparação para a Páscoa, mas também um caminho de fé fundado sobre a escuta da Palavra de Deus e sob os sinais sacramentais realizados na assembleia litúrgica, que se articula em etapas ou graus de aprofundamento progressivo do mistério celebrado. Podemos afirmar que a Quaresma possui três dimensões fundamentais: uma primeira dimensão de introdução geral ao mistério pascal; uma segunda dimensão sacramental-batismal; uma terceira dimensão de tensão ética e de conversão. A Quaresma é um tempo especial de busca interior, de deixar para trás o homem antigo e viver um novo. Tempo de penitência, oração e proximidade para com Deus, um período muito especial em que, como cristãos, somos convidados pela Igreja a fazer uma renovação espiritual em nossas vidas. É tempo do perdão e da reconciliação fraterna, de preparação e da memória do Batismo, é tempo de luta contra o mal e o pecado. É um tempo de vigília no qual os cristãos são chamados afrontar “com as armas da penitência” o espírito do mal. O modelo deste combate é o próprio Jesus que resiste às insídias do tentador. Para que o seu tempo quaresmal seja vivido conforme o real sentido deste tempo, separamos algumas dicas para você colocar em prática: Intensifique e fortaleça os momentos de oração - Seja pessoal ou comunitária, a oração é fundamental no tempo de Quaresma. É o momento de entrar em comunhão com Deus, tornando-se íntimo do Pai. Por isso, não poupe esforços para intensificar e fortalecer esses instantes. A prática da oração, por sua vez, ensina a “renunciar à idolatria e à autossuficiência do nosso eu, e nos declararmos necessitados do Senhor e da sua misericórdia”Pratique a confissão e a penitência - A Quaresma é um tempo propício para a penitência. Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, peregrinações em sinal de penitência, privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras de caridade e missionárias)” (CIC, número 1438). Não se trata de um castigo, mas uma forma de buscar a santidade e a purificação. Desse modo, não deve ser feita como obrigação, pelo contrário, com vontade, alegria e, principalmente, sabendo do propósito desta ação. Faça o jejum e a abstinência - Jejuar significa “aprender a modificar a nossa atitude para com os outros e as criaturas: passar da tentação de «devorar» tudo para satisfazer a nossa voracidade, à capacidade de sofrer por amor, que pode preencher o vazio do nosso coração”. A abstinência se restringe ao uso de carnes, mas não de ovos, laticínios e qualquer condimento à base de gordura animal. Na Quaresma, todas as sextas-feiras são dias de praticar a abstinência. O jejum, por sua vez, deve ser feito conforme suas condições para que o corpo seja sujeito ao espírito. E, jejum não é só de alimento. É possível estabelecer jejum de fofoca, de palavras nocivas, de atitudes que vão contra os ensinamentos que Jesus nos ensinou. Ajude com esmola e caridade - “Tenhamos caridade e humildade e façamos esmolas, já que estas lavam as almas das nódoas dos pecados” (São Francisco). Quaresma é tempo de fraternidade! Por isso, veja o que você pode fazer por uma pessoa ou família que carece de doações. Sua caridade pode ser feita em forma de roupas que não usa mais, de alimentos e, inclusive, de orações. Assim nos lembra São Leão Magno: “estes dias quaresmais nos convidam de maneira premente ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Páscoa santificados em nosso ser, devemos pôr um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si às demais e cobre multidão de pecados”. Esmola, “para sair da insensatez de viver e acumular tudo para nós mesmos”. Reduza o tempo que você permanece no Whatsap, no instagran e no facebook – Utilize esse tempo para se dedicar àqueles que estão com você. Brinque com seus filhos, tome um café com seus pais, escute mais seu companheiro e sua companheira, faça um esforço para moderar as palavras, julgue menos as pessoas e prefira falar bem de alguém. Participe da Vigília - O Círio Pascal é a grande vela acesa que simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal, que fica sobre uma coluna ou candelabro enfeitado no altar. Aceso na vigília Pascal como símbolo de Cristo, que é luz, o Círio simboliza a alegria da fé que deve irradiar em nós, a fé naquEle que, por nós deu a vida, e que brilhou no meio da escuridão. Ele é preparado na primeira parte da vigília e, aceso, no rito do Fogo Novo. E aí, vamos viver esse tempo quaresmal de corpo e alma? Faça jejum, reflita com um exame de consciência, se fortaleça nas orações diárias, busque o perdão pelos pecados que te afastam do reino de Deus, busque, de fato, o que Jesus quer de nós, cristãos, não só ao longo desses 40 dias, mas por todos os próximos que virão. Superar a tentação de submeter Deus a si e aos próprios interesses ou de colocáLo em um canto e converter-se à justa ordem de prioridade, dar a Deus o primeiro lugar, é um caminho que cada cristão deve percorrer sempre de novo. “Converter-se”, um convite que escutamos muitas vezes na Quaresma, significa seguir Jesus de modo que o seu Evangelho seja guia concreta da vida; significa deixar que Deus nos transforme, parar de pensar que somos nós os únicos construtores da nossa existência; significa reconhecer que somos criaturas, que dependemos de Deus, do seu amor, e somente “perdendo” a nossa vida Nele podemos ganhá-la. Isto exige trabalhar as nossas escolhas à luz da Palavra de Deus. Hoje não se pode mais ser cristãos como simples consequência do fato de viver em uma sociedade que tem raízes cristãs: também quem nasce de uma família cristã e é educado religiosamente deve, a cada dia, renovar a escolha de ser cristão, dar a Deus o primeiro lugar, diante das tentações que uma cultura secularizada lhe propõe continuamente, diante ao juízo crítico de muitos contemporâneos. Neste Tempo de Quaresma, no ano vocacional, renovemos o nosso empenho no caminho de conversão, para superar a tendência de fechar-nos em nós mesmos e para dar, em vez disso, espaço a Deus, olhando com os seus olhos a realidade cotidiana. A alternativa entre o fechamento no nosso egoísmo e a abertura ao amor de Deus e dos outros, podemos dizer que corresponde à alternativa das tentações de Jesus: alternativa, isso é entre poder humano e amor da Cruz, entre uma redenção vista somente no bemestar material e uma redenção como obra de Deus, a quem damos o primado da existência. Converter-se significa não fechar-se na busca do próprio sucesso, do próprio prestígio, da própria posição, mas assegurar que a cada dia, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor tornem-se a coisa mais importante. Em sua mensagem para a Quaresma, intitulada “A criação encontra-se em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus”, extraído de Romanos 8,19, o Papa Francisco afirma que o caminho rumo à Páscoa “chama-nos precisamente a restaurar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos, através do arrependimento, a conversão e o perdão, para podermos viver toda a riqueza da graça do mistério pascal”. A Páscoa para nós hoje, representa a esperança de vida eterna, significa renascimento em que experimentamos a Ressurreição de Cristo. Enquanto tem sentido de passagem, liga-se ao batismo, que através de um novo nascimento, nos insere como filhos de Deus na ressurreição de seu Filho, Jesus Cristo. Vale lembrar aqui o que disse o Papa Francisco sobre essa experiência, no documento Evangelli Gaudium (Alegria do Evangelho), quando comenta que muitas pessoas preferem passar a vida inteira na Quaresma e deixam de experimentar a Páscoa em suas vidas. Temos que ter cuidado! Cada coisa no seu tempo. Não experimentar a alegria da Ressurreição de Cristo, é ficar a vida toda no sofrimento, como se todos os dias do ano fossem o tempo da Quaresma. Isso não é espiritualidade, e sim potencialização do sofrimento, fruto de uma vida sem sentido. Portanto viva essa rica experiência de passagem da morte à vida. É tempo de Páscoa, é tempo de ressurreição. Amados irmãos, alegrai-vos porque o pecado e a morte foram vencidos, derrotados, superados. Nossa alegria pascal se fundamenta na ressurreição de Jesus e na nossa ressurreição. As escrituras cumpriram. Venceu a vida, venceu a verdade, venceu o amor, venceu o bem, alegrai-vos porque Nossa Senhora da Primavera nos traz esse renovo, esse florir em nossas vidas.




Por João Batista Reis Bel. Teologia e membro da Comunidade Renascidos em Pentecotes

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