VI Dia da Semana de Pentecostes - Missa da Misericórdia
- Renascidos em Pentecostes
- 22 de mai. de 2021
- 8 min de leitura
Sacerdote celebrante: Padre Roger Araújo (Comunidade Canção Nova) Evangelho do Dia: Jo 21,15-19. Homília

Meus amados irmãos e minhas amadas irmãs, que a paz de Deus esteja no coração de todos nós. Aqui e em nossas casas, tudo que o Espírito Santo de Deus deseja derramar em nossos corações, em meio as inquietações que vivemos, passamos e enfrentamos é a paz que vem de Deus. É por isso que Jesus está com os seus! Antes mesmo de subir aos céus, como celebramos no último domingo. E hoje tem uma cena, talvez uma das mais belas do evangelho, porque o ressuscitado, ceando como seus apóstolos, comendo com eles, um dos seus encontros mais importantes com Pedro. Você sabe, que depois que Pedro traiu Jesus, Pedro ainda não tinha encarado Jesus. Estava com vergonha, estava com receio. Estava com medo. Estava com sentimento de culpa. Estava depressivo. Estava com receio dos seus. Você se lembra da última vez que Jesus se manifestou com eles na praia. Pedro estava nú. Quando viu que era o Senhor, Pedro correu de vergonha para se vestir porque ele viu que era o Senhor. E aquela nossa cara, quando a gente fica envergonhado, quando faz algo errado. Mas é muito mais do que ter feito algo errado que Pedro fez. Não foi porque ele entrou em contradição não. Você sabe que Pedro era muito entusiasta. É próprio do temperamento sanguíneo. É aquela pessoa que é pau para toda obra, que sempre está disposta a fazer tudo. Ela move o mundo para conseguir o que quer. Ele é o primeiro a concordar com tudo. É o que está a frente das coisas. Mas também quando as coisas apertam, é o primeiro a tirar o corpo fora. É o primeiro a se eximir. Quando as coisas se tornam difíceis ele também é o primeiro a ver dificuldade, se assusta com qualquer coisa. É bom enquanto não tem dificuldade. É bom enquanto isso pra mim é vantajoso. É bom fazer enquanto não encontro problemas à minha frente. É dessa forma que Pedro também o era e como é também muitos de nós. E vocês vejam meus irmãos, que no primeiro momento, onde Pedro podia demonstrar o seu amor à Jesus, quando ele contraditado, quando ele foi interrogado, quando ele foi colocado a prova, ele disse: “Eu não o conheço! Eu não sei quem é esse homem. Eu nunca estive com ele.” Morava com Jesus. Estava com Jesus! Teria poucos dias que estava disposto a dar a sua vida por Jesus. É por isso que antes de subir aos céus, esse encontro com Jesus e Pero é muito significativo, seja para Pedro, seja para cada um de nós. Eu queria que no lugar de Pedro, eu me colocasse ali, e você também se colocasse ali. Porque Pedro é a figura de cada um de nós. Somos nós fracos, pecadores! Somos nós que falamos na missa: “não vou mais pecar!” Eu confesso os meus pecados, vou me comprometer a não pecar mais, e pecamos. Somo nós que nos comprometemos a amar a Deus sobre todas as coisas. Mas nem sempre amamos. Nós somos como Adão e Eva no paraíso, envergonhados com nossos pecados. É dessa forma que vamos nos apresentar diante do tribunal de Deus. Com o peso das nossas curvas, dos nossos erros e das nossas falhas. Mas o problema, não é quem sente culpa! O problema é quem não sente culpa! O problema é quem só arruma desculpas para os seus erros, e nunca os assume! O problema não é quem tem fraqueza, é quem não assume suas fraquezas. O problema não é quem não tem pecado. É quem não assume os seus pecados. Na sociedade em que nós estamos, as pessoas estão sempre colocando culpa nos outros. O filho é o que é, a culpa é do pai, da mãe! Os meus fracassos, o culpado são sempre os outros! Eu não tenho erros! E se tenho, eu sempre tenho alguém pra me apoiar, pra eu culpar! Pedro, não tem a quem culpar. Ele se reconhece culpado. Pedro não tem a quem acusar seu erro. Ele reconhece que foi ele mesmo que errou. O encontro com Jesus ressuscitado, traz luz para dentro de nós. E essa luz ilumina principalmente o nosso interior. Tudo escurecido pela nossa ignorância, pelo nosso orgulho. Então, Cristo ressuscitado, trouxe luz para Pedro. E diante da luz, que era Jesus, vivo e ressuscitado, que estava ali. Estava ele com seus pecados. Diante do Cristo ressuscitado, que está vivo no meio de nós, que está entre nós e os nossos pecados. Nós precisamos muito temer os nossos pecados. Nós precisamos temer os nossos pecados. E se a gente não se arrepende, se a gente não cria contrição pelos nossos pecados, os nossos pecados viram coisas normais na nossa vida. Nós estamos num mundo onde é tudo normal. Ofender os outros, machucar o próximo! Nós vivemos num mundo onde pecar é normal, onde ninguém mais sente culpa. Onde ninguém mais se desculpa ou pede perdão pelos seus erros. Se a gente não reconhece o nosso pecado, é poque não nos encontramos com Cristo ressuscitado. E a luz dele entra em nós, penetra em nós, para dizer: Senhor, os meus pecados pregaram na cruz. Eu me reconheço pecador! Mas eu quero me voltar à cena! E por que é que Jesus está com Pedro? Não é para acusá-lo não! Não é pra colocar Pedro pra baixo não. Pelo contrário. É pra levantá-lo do sentimento de culpa. É pra levantá-lo de sentimento de derrota. É pra tirá-lo do sentimento de fracasso. Não é porque falhou que não me ama mais. Não é porque errou que não tem amor. Não é porque pecou que Deus não perdoou. Mas se eu reconheço o meu pecado, Deus, fiel e justo, está ai para me perdoar! Mas nós não precisamos só do perdão não. Nós precisamos primeiramente do perdão. porque sem perdão, não há reconciliação. Se eu quero reconciliar com o meu irmão, primeiramente eu preciso do seu perdão. Mas além do perdão, porque o primeiro passo da reconciliação é mesmo o perdão que vem a mim, eu preciso da restauração. Um coração ferido para o pecado, é um coração machucado, é um coração quebrado. É um coração que precisa ser restaurado. Vê como nossos corações irmãos e irmãs, estão feridos. Olha como os nossos corações estão machucados. Por isso, o ressaciado está entre nós, para curar as feridas do nosso coração. Por isso eu digo que a grande obra de Jesus entre nós, é restaurar os corações feridos. Ele não foi embora para o céu sem primeiro curar o coração de Pedro. Pedro foi seu discípulo escolhido, foi seu discípulo chamado para ser o primeiro dos apóstolos. Como é que um homem com um coração ferido, machucado vai conduzir as ovelhas de Jesus? Como é que Pedro com o coração ferido como estava, se não restaurasse aquele coração, como é que iria apascentar as ovelhas do Senhor, o rebanho do Senhor, os cordeiros do Senhor? Como é que um pai com o coração ferido pode cuidar dos seus filhos? Como é que uma mãe que não cura o seu coração, pode cuidar da sua prole? Como é que nós podemos cuidar uns dos outros se nós estamos mais feridos do que curados? É por isso que andamos nos ferindo o tempo inteiro uns aos outros. Porque o coração que não é curado, ele permanece ferido. E um coração ferido, ele sai ferindo os outros. Com as feridas que estão expostas dentro de si. É por isso que o Cristo ressuscitado, Ele está no meio de nós, para curar as feridas do nosso coração. Ah Pedro, Ah Pedro! A gente talvez tivesse coragem para perguntar: ah Pedro, por que você fez isso? Pedro como é que você negou Jesus? Porque a gente é meio sem vergonha também né? A gente não olha pra gente mesmo. É não se coloca na nossa situação, onde nós também falhamos, erramos, negamos e não amamos ao Senhor! Eu não tenho coragem de jogar pedra nem em Judas, quanto menos em Pedro. Quanto eu olho para mim e reconheço quem eu sou, o pecador que eu sou, eu só posso pedir como Pedro: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu também te amo! Mas cura o meu coração! Ferido e machucado, enfraquecido, que já não é capaz de amar como deveria. E é por isso que nós estamos aqui meus irmãos, estamos aqui para sermos restaurados e curados. O Senhor não nos quer feridos. Eu sei que nós somo soldados feridos pelas batalhas da vida. Algumas pessoas se ferem tanto nas batalhas, que nem suporta as feridas e morre por causa delas. Não! O Senhor quer cuidar, restaurar e sarar cada uma das feridas do meu, do seu e dos nosso coração. É tempo de restauração! Pentecostes não é outra coisa não! Se não é o Espírito de Deus agindo! O Espírito de Deus curando! O Espírito de Deus restaurando e curando corações feridos! Eu fico impressionado com Pedro! Pedro depois que é restaurado por Jesus, e uma pessoa depois que é restaurada, sobre ela tem a força do Espírito Santo. E você olha para Pedro testemunhando. Você olha que até a sombra de Pedro vai curar as pessoas que dele se aproximar! Você olha Pedro destemido falando para aqueles que ele mesmo negou Jesus, quem era Jesus. Você vê Pedro falando para aquele de quem ele corria, que só em Jesus tem salvação e o perdão dos pecados. Meus irmãos, o Espírito Santo de Deus derramado em nós, está sendo derramado para curar as feridas da nossa alma. Não fique com o coração ferido, escondendo aquilo que está machucado não. Expõe não para os outros, mas para Jesus, as feridas do seu coração. E nós sabemos que não são poucas não. Nós guardamos feridas ainda do ventre de nossas mães, que muitos de nós não curamos até hoje. A gente não se cura, quem cura é Deus. É nós permitimos que o Senhor nos cure. A minha experiencia com o Espírito Santo de Deus é a mais revitalizadora possível. Eu poderia passar essa missa inteira falando das minhas feridas, mas eu não falo porque todas as elas eu expus e exponho à Deus. E o espírito de amor vai curandoas, cicatrizando-as! É a grande graça da minha vida! Nossa, já me feri, já me machuquei, já me ralei. Mas o mais bonito, é que Deus cuida de mim! É que o Espírito Santo me cura, me restaura. Padre Roger, Deus não quer você um padre ferido, machucado. Deus não quer você um padre curado. Meu filho, minha filha, Deus não quer você como cachorro lambendo suas feridas. Não! Deus quer curar todas elas. Porque se a gente não cuida e não permite Deus curar as feridas, a vida se torna muito azeda. Se torna muito amarga. E uma pessoa azeda, amarga ela torna tudo azedo. Você conversa com uma pessoa amarga, la transmite amargura. Não fique pensando que é só o COVID 19 que nós passamos para os outros não. Nós passamos muito azedume, nós passamos muita amargura, nós passamos nossos ressentimentos, mágoas, nossos rancores. Nós passamos uns para os outros as coisas que dentro de nós não estão resolvidas nem curadas. Quem é nessa vida que não sofreu? Quem é nessa vida que não sofre? Nós não somos colecionadores de sofrimento não meus irmãos! Nós somos colecionadores é da graça! Que vai restaurando cada uma dessas feridas que nós colecionamos com os sofrimentos da vida e fazemos de nós um homem novo, uma mulher nova. Todos os dias, se eu cair, Deus quer me levantar. Se eu me machucar, Deus quer curar a minha ferida. Mas as vezes a gente quer juntando, colecionando, cultuando coisas que nos ferem. É por isso que não somos homens plenos, nem mulheres plenas. Estamos na verdade colecionando as marcas feridas da vida. É bonito ver que Jesus ressuscitado aparece com as chagas, as chagas que lhe puseram na cruz. Todas as chagas que me puseram, estão ali. Glorificadas. Restauradas pelo poder de ressurreição. É por isso que ele nos mostra as suas chagas. Aquilo que foi pânico da sua crucifixão, e agora a glória, a chave da sua ressurreição. Meus irmãos e minhas irmãs, Deus tem graça nova, vida nova para nos dar a cada dia o seu espírito que nos restaura. Nós queremos ser restaurados. Deus nos cura se nós queremos ser curados. Deus nos refaz se nós nos deixamos ser reconstruídos e refeitos a sua imagem e semelhança. Celebramos Pentecostes! Celebramos a vida nova que Deus nos deu! Curados e restaurados no poder do Espírito Santo.
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