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Renascidos em Pentecostes

“Vá se despedir da sua filha, porque não temos mais o que fazer”

Eu fiz o pré-natal dela em um hospital particular, e não haviam constatado nada. Logo após a Isadora nascer, o médico disse: “Olha, a sua neném tem uma fendinha no palato, mas não é nada demais, pode ficar tranquila”. Levaram-me para sala de recuperação e o médico foi direto para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com a minha filha. O meu marido disse-me: “Clissia, a nossa neném não está bem, ela foi para a UTI”. Na sala de recuperação comecei a passar mal.

Após duas horas, a médica veio dar a notícia de forma bem direta: “A sua filha não está respirando e ela vai para a UTI”. Eu já estava passando mal, fiquei pior, comecei a ter hemorragia e sentir falta de ar. A técnica de enfermagem, enquanto me socorria, pedia: “Respira mãezinha, respira mãezinha, você está ficando sem ar”. Fiquei na sala de recuperação por cinco horas e meia e, ela, na UTI. O Carlos, meu marido, dividia o tempo, cuidando da nossa filha e de mim.

Quando eu me recuperei, os médicos avisaram: “Olha, mãezinha, vocês precisam ficar com a sua filha, pois o estado dela é muito grave”. Fomos ficar com ela. Ao chegar à UTI, ela teve duas paradas respiratórias na nossa frente. A médica disse: “A senhora percebeu que quando está perto dela ela tem as paradas? Acho melhor a senhora não ficar muito perto”. Combinei com o meu marido para que ele acompanhasse mais de perto e eu ficaria do lado de fora da sala. Porém, a situação dela só piorava e ninguém sabia o motivo; sabiam que ela não conseguia respirar e foi entubada; mal conseguíamos ver o rostinho dela.

No terceiro dia, de madrugada, por volta de uma hora da manhã, nos ligaram pedindo que fossemos à UTI porque o estado dela era gravíssimo. Ao entrarmos no quarto, o Carlos viu uma cruz na porta que eu não havia observado. Escutei alguém dizendo: “Faça o seu sacrífico”. Eu sozinha no quarto, pensei: “Mas que sacrifício, meu Deus?” Ainda com os pontos da cesárea, desci da cama e clamei ao Senhor de joelhos: “Senhor, salve a minha filha, porque eu já não tenho mais o que fazer. Se o Senhor salvar a minha filha, eu prometo que não vou mais reclamar e não faço a festinha dela de um ano. Vou a Trindade agradecer”.

No dia seguinte, quinta-feira, ela não estava nada bem. Os médicos nos chamaram para conversar porque necessitavam realizar uma traqueostomia urgente e precisavam da nossa autorização. Porém, não estavam encontrando um médico para o procedimento. Nesse tempo, eu fui para casa. Ao meio-dia, a minha tia acendeu as Velas de Pentecostes. Quando as velas terminaram de queimar, segundo minha tia, formou-se uma imagem de Nossa Senhora. Disse-me também que não me preocupasse porque Nossa Senhora estava com minha filha.

Às 15h, ligaram do hospital e avisaram: “Venha porque encontramos um médico que vai realizar a traqueo nela”. Saímos correndo. Ao chegar lá, eu disse à médica: “Doutora, não sei qual é a sua religião, mas eu pedi para Nossa Senhora pegar em suas mãos nessa cirurgia”. Ela respondeu-me: “Minha filha, sou católica!” E me mostrou a medalha de Nossa Senhora. Foram para sala de cirurgia. Após duas horas nos chamaram porque ela não estava bem e não estavam conseguindo aplicar a anestesia nela. Mas que iriam tentar.

A minha irmã estava assistindo pela internet a Missa de Cura do padre Moacir Anastácio e o Senhor revelou por meio dele que “tinha uma criança que havia nascido e que não tinham esperanças nenhuma que ela sobrevivesse no período de cinco a seis dias de vida (de fato os médicos disseram o mesmo), mas que não era para nos preocuparmos, porque a partir daquele dia essa criança iria sobreviver, ganhar peso e se recuperar”.

Logo após nos contar essa revelação, uns 20 minutos depois, nos chamaram dizendo que já haviam terminado a cirurgia, porém ela não foi direto para a UTI porque estava tendo muitas paradas cardíacas. Mas a médica nos tranquilizou e explicou que o procedimento havia ficado perfeito, que não iria atingir as cordas vocais dela. Nesse momento também já tinham retirado uma boa parte dos aparelhos do rosto dela, que já estava até desinchado. Depois daquele dia, só melhorou.

Ela continuava tendo as paradas, mas nós continuávamos confiantes no que foi revelado, que ela não iria morrer, iria sobreviver; foi profetizado! Os dias foram passando, os tubos de oxigênio foram gradativamente retirados, diminuíram as dosagens dos remédios e das sedações. Até o dia que a Isadora foi para a UTI pediátrica e lá ficamos 12 dias. Nesse período, estava acontecendo a Semana de Pentecostes e o Carlos foi testemunhar, porque já havíamos recebido a graça, mesmo com as palavras tão duras da médica que disse: “Vá se despedir da sua filha, porque não temos mais o que fazer”. Ainda na UTI, ela foi batizada e a vestimos de anjinho. Era tudo ou nada! Já tínhamos até assinado um termo, porque não sabíamos se ela iria sobreviver a outra cirurgia.

Nesses dias, os médicos descobriram que ela havia nascido com a sequência de Pierre Robin (mandíbula pouco desenvolvida). Por isso tantas paradas respiratórias. Na UTI, um médico me perguntou: “Você é a mãezinha que veio da UTI?” Respondi: “Sim”. Ahhh tá, porque a Sandra pediu para eu cuidar muito bem de vocês”. Mas eu disse a ele: “Doutor, eu não conheço nenhuma Sandra”. “Conhece sim, é a mãe da médica”. “Não, doutor, não conheço nenhuma médica daqui”. Foi o único plantão que eu vi esse médico. Tivemos alta e comentei com a minha irmã essa situação e ela afirmou que era Nossa Senhora cuidando de nós duas.

Fomos para casa e ela ficou aos cuidados de uma home care (Atendimento domiciliar por profissionais capacitados), porque necessitava de ser aspirada de duas em duas horas, senão criava secreções e ela poderia vir a óbito. Não conseguíamos dormir de tanta preocupação.

Terceira batalha pela vida de Isadora

Tivemos que ir a Porto Alegre, porque no Distrito Federal não tinha especialista para a idade dela. Nesse caso, só a partir dos 13 anos. Inclusive um médico disse assim: “Antes dos treze anos, especialista nesse caso você não consegue”. Pensei: “Meu Deus, a minha filha vai ficar até os treze anos nesse sofrimento, não tem condições!” Sem aceitar essa condição, liguei para o médico de Porto alegre e ele disse que não atenderia pelo plano de saúde, mas que toda despesa do hospital o plano cobriria sim. “Analisa direitinho, mãezinha, como você vai chegar até aqui, porque a aviação aérea não vai trazer vocês”, disse.

Clamei ao Senhor mais uma vez: “Meu Deus, o Senhor revelou que ela iria crescer, ia sobreviver, mas agora eu preciso desse milagre”. De tanto insistirmos, o plano liberou a UTI móvel para nos levar e trazer. Chegando lá, o médico fez a cirurgia, colocou o distrator. A cirurgia foi perfeita! Retornamos a Brasília, a Isadora ficou 45 dias com o distrator, sentindo muita dor a ponto de tomar morfina.

Após esse período, retornamos a Porto Alegre para a retirada do distrator e o médico disse: “Ficou perfeito!” A caminho, tive mais uma conversa com o meu Deus: “Senhor, estou vivendo de promessas, mas se o Senhor me honrar em outra e se retirar essa traqueo da minha filha, onde eu estiver Te louvarei, Te agradecerei, porque aí sim estará concluída a promessa que o Senhor nos fez”.

Comentaram que iriam fazer um teste, mas que tirariam bem depois a traqueo. Mas quando retiraram o distrator, a médica disse: “Doutor, ela já está respirando”. Quando fizeram o teste para retirar a traqueo, ela respirou perfeitamente. Detalhe, retiraram o distrator no dia 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida. “Mãezinha, vamos! Prepara o seu coração para receber a sua filha. Aguenta!” Eu ajoelhei e comecei a louvar a Deus. “Senhor, obrigada! A nossa missão se concluiu. O Senhor cumpriu tudo que prometeu”.

Viemos para casa. Os médicos pensaram que ela iria ficar com algum problema neurológico. Nenhum! Que iria ter dificuldades na fala; ela está com 10 meses e “ensaia” algumas palavras. Que teria dificuldades para se movimentar, está é agoniada para caminhar.

Lembrando que, até os cinco dias, antes da revelação e até acender as Velas de Pentecostes, ela tinha em média de oito a dez paradas por dia.


O milagre acontece! Faça a sua parte, coloque nas mãos de Deus e confie.


Fonte: Revista Renascidos em Pentecostes


Por Carlos Roberto Monteiro dos Reis e Maria Clissia Soares Martins




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